A criação de um espaço com com toda infraestrutura, que garante acesso de crianças ao mundo digital, imprescindível neste momento de pandemia
Morador da Brasilândia, distrito do município de São Paulo, Everton Alexandre Santana era um aluno difícil, que não gostava de estudar, costumava cabular as aulas, além de ter dificuldade para interagir com as outras crianças. Com um histórico familiar complicado, com pai ausente e mãe falecida, ele foi criado pela avó desde os 2 meses de vida. Só em 2018, essa história começou a mudar, quando o Instituto Roldão o convidou para fazer aulas de judô. No ano passado, com a pandemia e a suspensão das aulas, Everton passou a fazer também as aulas de reforço. Apesar de estar no 7º ano, tinha dificuldade para ler, escrever e fazer contas básicas.
Hoje, depois de alguns meses de aula, o menino de 13 anos se transformou em um aluno exemplar. Por meio de técnicas lúdicas e do contato com o universo da informática, está evoluindo na matemática, na leitura e na escrita. Mas, mais do que isso, se apaixonou por aprender. Agora, é proativo, pergunta, tira dúvidas, interage com os colegas e convida os amigos para participar das aulas.
Essa é uma das muitas histórias de transformação proporcionadas pelo Instituto Roldão, que atua na periferia da zona norte de São Paulo (Freguesia do Ó, Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha), atendendo crianças de 4 a 17 anos, em três frentes: esportes, educação e inclusão social. Esse trabalho, que vem fazendo tanta diferença na vida das crianças e da comunidade, só acontece por meio de doações e apoio de empresas, ainda mais fundamental nesse período de pandemia.
Afinal, como garantir o processo de aprendizagem das crianças em tempos de ensino remoto? Por meio da corrente do bem entre empresas, instituições e comunidade, o Instituto Roldão conseguiu criar suas salas de informática em janeiro deste ano. Os equipamentos foram fornecidos pela Howden Harmonia Corretora de Seguros: 20 desktops, com teclados e mouses, 3 notebooks e 2 smartphones. Esse material era usado pelos funcionários da corretora que, no home office, tiveram que trocar os desktops por notebooks. Em conjunto com o comitê GerAção, responsável pelos projetos de responsabilidade socioambiental da Howden Harmonia, a CEO da empresa, Priscila Conduta Elias, decidiu doar as máquinas para uma instituição que tivesse como missão levar conhecimento a quem realmente precisa e fazer ações voltadas para pessoas sem acesso digital.
“Sabíamos que aqueles equipamentos podiam contribuir para mudar a realidade de muita gente, principalmente em um momento como o que estamos vivendo, que o contato com o universo digital se tornou fundamental. Por isso, buscamos entidades que tivessem esse potencial de transformação e evolução, como o Instituto Roldão”, conta Cristina Brito, líder do comitê GerAção, da Howden.
E foi exatamente o que aconteceu no Instituto Roldão. Assim que os equipamentos chegaram, um mutirão, que envolveu os voluntários e até as crianças, foi realizado para montar duas salas de informática usando os pallets do Roldão Atacadista (criador do Instituto) para acomodar os computadores. Assim, os alunos ganharam acesso ao mundo virtual, aprendendo a mexer nos equipamentos, fazer pesquisas, trabalhos escolares, além de poder acompanhar as aulas online e manter as aulas de reforço. Desta forma, outros “Evertons” estão tendo e terão a chance de transformar sua realidade.
A doação permitiu, ainda, dar início a outro projeto: o curso preparatório para faculdade, que começou a funcionar em 26 de abril. Alunos acima de 18 anos, interessados em cursar uma faculdade, mas com déficit de conhecimento, agora têm a oportunidade de fazer aulas específicas de preparação para a universidade. O Instituto fez uma parceria com a UniSant’Anna (da Zona Norte de SP), que dá bolsa de 90% para os alunos indicados pelo Instituto. Os outros 10% poderão ser pagos também por um filantropo (doador pessoa física), desde que o aluno comprove presença nas aulas e boas notas.
“Para que haja interesse e participação das crianças, é necessário ter métodos diferentes para cada aluno, de acordo com a dinâmica de cada um. A introdução ao universo digital confere mais autonomia em todos os sentidos. Primeiro, eles aprenderam a mexer no computador, pois não tinham contato nenhum. Agora, já sabem como fazer pesquisas, trabalhos escolares e participar das aulas online da escola”, conta Diogo Castilho, presidente do Instituto Roldão.
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